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A efemeridade da vida e tudo mais



As vésperas do meu aniversário, eu revolvi escrever sobre o modo como eu me sinto nessas datas e fazer uma análise superficial das coisas que dizem respeito à forma como tenho conduzido minha vida. Ocorre que algumas angústias não se dissipam com a idade, elas apenas mudam de maneira a se intensificarem, seria o peso ou a leveza da insustentável leveza do ser?

Eu não sei se devo me sentir grata por mais um dia ou ignorar o fato de que os dias estão passando e minha vida está se consumindo em uma frustração cotidiana. E se devo me sentir grata, a quem eu devo dirigir a minha ingratidão? Convivo com pessoas as quais já me provocaram um apanhando de sentimentos contraditórios, assim tento viver de modo a considerar a existência dessas pessoas como inertes.

Os meus últimos dias tem sido um misto de insatisfação e indiferença. Insatisfação com o modo como tenho conduzido minha vida, uma instabilidade e uma incerteza sem fim. Amanhã, eu faço 21 anos. Não tenho ambições, não tenho dinheiro, não invejo o que é do outro. Eu tenho alguns desejos, um canto sossegado, umas cervejas com pessoas queridas ao final de semana, curtir preguiça em um domingo à tarde. Todavia, são anseios que não me mobilizam, pois eu tenho estado amortecida, eu pareço não ter perspectivas, e me sinto na obrigação de estar aqui.

Quantas realizações cabem na vida de uma mulher com 21 anos? Eu não sei, eu não me lembro de qual foi a última que me senti realizada. Vagamente, eu me recordo de alguma expressão de prazer e realização, mas são momentos muitos breves que não dão conta de suprimir essa angústia que de tão apertada, atravessada e afiada me possui por inteiro. Em seguida, eu me sinto entorpecida. E o entorpecimento me gera a apatia, a um profundo desinteresse nas questões que me dizem respeito!

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