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oração

todo o dia uma violência colonial, a gente acorda sem sentir o gosto do café, do pão seco com gordura vegetal. a gente espera. invoco a força dos meus ancestrais, a fé, a bravura e a coragem dos que vieram antes de mim. reverencio aqueles que lutaram com a própria vida para que a minha existência fosse possível... eu sei muito pouco, mas sei que meus ancestrais contavam com a cura... não vou morrer na praia... faço uma oração aos meus ancestrais e peço que venham intervir por mim. me ajudem. não posso permitir que essa angústia seja o cerne de todas as coisas
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Todas às vezes que eu a chamava pra sair comigo, ela dizia que sim. No primeiro encontro, ela me beijou na despedida do ponto de ônibus. No segundo encontro, na praça central, ela virou o rosto quando busquei beijá-la. No terceiro encontro, ela me beijou na mesa do bar. No quarto encontro, dormimos de costas. No quinto encontro, ela disse que gostava de mim. No sexto encontro, ela disse que não me queria. Após um ano, na semana passada, eu a vi no coletivo após voltar da psicoterapia, acenei com a mão, sentei ao lado dela, não trocamos uma palavra sequer. Ela desceu, eu continuei a viagem.
Centro-Oeste, universo paralelo, rosa dos ventos (...) de rondocity a rondohell, inferno quente, cuidado com o calor (...) MC Itachi Eu acompanhava um amigo no centro, bem ali perto da Praça da Saudade, onde estava pichado num muro: "CIDADE PODRE" . A frase ainda persegue a minha memória… E dentre todas as questões que me suscitam, vejo-me atenta às ruas com nomes de ditadores e genocida indígena, mas se é assim em qualquer lugar desse país, por que não seria aqui, nesta colônia sulista e nesta província paulista?
eu te escrevi umas linhas pra tu ler no final da linha - daquele ônibus que tu pega a semana inteira, e ainda, pra me ver na sexta-feira - que não  fomos linhas fomos emaranhado
a vida é uma aventura a história é um instante a infelicidade é uma cultura o tempo... tá na estante o homem onipotente saturado de agoras esconde o tédio dos doentes do agora racismo como política de segurança psicoterapia para minar as inseguranças o que a gente faz com o esquecimento? para onde a gente vai com o anulamento?

Monólogo sobre a culpa

Gosto de ressaca na boca, tudo escuro, dia quente, virei e peguei o celular ao lado pra ver o horário, a iluminação cega meus olhos, é manhã, ou melhor, é tarde. Coloco meus pés no chão e não consigo sustentar o peso do meu próprio corpo, caminho dois passos a frente e volto três passos a trás como se eu tivesse esquecido algo, como quem passa a mão no bolso e confere se as chaves e os documentos ainda estão lá. O que eu perdi nesse caminho? Me enrolo em meus pés, tenciono cair e me arrasto até o banheiro, me olho no espelho e tento procurar lembranças da noite anterior, um bar, cervejas, riso alto, beijos, música... Esfrego a mão esquerda na nuca e entre meus cabelos, cheiro de cigarro na camisa, corpo pesado, dor no peito, como cheguei até aqui? Declamei em voz alta a letra de uma música ontem pra um amigo no último buteco, em que fomos convidados a sair, não era love song, era porrada no estômago, o eu lírico era alguém como eu, que acordava pela manhã via a casa bagunçada e lemb

Para me lembrar que ainda sei amar

Escrevo pensando no tanto de mim que existe em você, buscando referências para dizer que te amo. Tenho escrito com propriedade sobre a ingratidão, angústia, sobre a dor e a perda, mas pouco sei sobre amar. Minha voz literária parece não ter domínio, no que diz respeito a esse campo. Porém, à medida que experiencio nossa relação, eu sinto algo que as minhas leituras não alcançaram. Leio e escrevo em mim, um sentimento nobre e genuíno, o qual tenho o prazer de dividir contigo. Eu estou com saudades, saudades do seu toque, saudades do nosso abraço desconcertado, saudades do meu riso nervoso e dos meus gestos vexatórios, do medo de algum modo as palavras não saírem. Agora tenho algumas frases prontas, espero dizer tudo quanto preciso a partir delas, antes de que alguma de nós se despeça sem que venhamos a saber que eu estou te amando. Ainda que, por vezes sem palavras ou com frases de efeito de filme superestimado, eu quero ter sempre algumas linhas para te oferecer, quero sempre tece